Quando fiz o curso de Socorrista da Cruz Vermelha aprendi sobre os 3 F’s da Emergência: a chamada resposta de (Fight) Lutar – (Flight) Fugir – (Freeze) Congelar.
Fugir significa fazer isso mesmo quando confrontado com um cenário de Emergência. Fugir de uma situação de perigo é um instinto de sobrevivência e a resposta automática do corpo humano num cenário de perigo.

Congelar significa ficar estático numa situação de perigo; o pânico é tanto que a pessoa fica literalmente presa ao chão como se tivesse congelado.
A minha resposta favorita é Enfrentar! Enfrentar/ Lutar não significa que não existe medo, pelo contrário – utiliza-se o medo para algo positivo. A resposta de lutar só pode acontecer se o indivíduo estiver informado e souber o que está a fazer. Imagina que há um pequeno incêndio no teu fogão:
• tu foges e sais da cozinha (bom, o resultado final poderá ser a tua casa inteira destruída pelas chamas porque tu fugiste);
• tu congelas e ficas ali parado (o resultado pode ser bem mais grave, podes ficar queimado e destruir toda a tua casa);
• tu lutas e colocas um cobertor por cima do fogo ou água (acabaste de te salvar a ti mesmo, a tua casa e as pessoas à tua volta).

Quando se iniciou o surto do Covid-19 em Portugal, vi os jovens a “desaparecerem”. Os voluntários da Cruz Vermelha, os meus próprios amigos. Os voluntários não se preocuparam em perguntar como é que poderiam ser úteis, se havia alguma coisa que podiam fazer…

Com o desenvolvimento da situação e o aumento do número de casos, a carga de trabalho tem aumentado e continua a aumentar diariamente. Tenho coordenado voluntários, participado na compra e entrega de alimentos e medicamentos a pessoas do grupo de risco em isolamento profilático, tenho entregue alimentos a famílias e indivíduos carênciados e apoiado a Proteção Civil em alguns pedidos.

A maior lição que tenho aprendido com a pandemia é que as competências técnicas são ensináveis, mas os comportamentos não.

O que é que isto quer dizer? Que tu podes ser a pessoa mais qualificada do mundo, mas, se não colocares as tuas competências ao serviço dos outros quando eles mais precisam, então elas não valem nada.

Tenho aprendido que a vida e o que cada um faz dela, sobretudo em momentos como o que vivemos, tem mais a ver com as nossas ações do que com as nossas palavras.

Susana Costa
Cruz Vermelha Portuguesa
April 11, 2020